Walt Disney veio ao Rio de Janeiro em setembro de 1942. Zé Carioca é fruto dessa viagem.
Ele veio patrocinado por um bilionário norte-americano, John Rockfeller, para ajudar no estreitamento entre os Estados Unidos e esse nosso belo país.
O mundo atravessava a Segunda Guerra Mundial e nosso presidente, Getúlio Vargas, ora namorava os americanos ora namorava os alemães.
Disney precisava se inspirar na nossa cultura pra criar um personagem. Fazia parte da política da boa vizinhança. Fazia parte da conquista de atrair os brasileiros para o front dos aliados na Europa.
Com uma comitiva de 16 de artistas, Disney pisou e pirou no Rio de Janeiro. Ficaram hospedados no Hotel Glória, hoje em ruínas.
Eles viveram festas incríveis no Copacabana Palace e no Cassino da Urca.
O mineiro Joaquim Rolla, dono da então portentosa casa de jogos e que mais tarde construiria o Hotel Quitandinha, fez de tudo pra impressionar o gringo.
Conseguiu. Todos saíram encantados com o samba e com a caipirinha. O carnaval nunca mais sairia da mente.Nas areias da praia mais famosa do planeta, Disney parecia uma criança. Pegava a pesada câmera e rolava de um lado pro outro. Queria ângulos distintos dos nossos morros.
Depois de alguns dias, Disney tinha que seguir viagem. Ainda passaria por Argentina, Peru e México.Ainda em 1942, assistimos um dos resultados dessa vinda: o nascimento do todo estereotipado Zé Carioca, no filme “Alô, amigos”.
Na obra, Zé Carioca faz um cicerone ao Pato Donald. Rio de Janeiro é o cenário.
“Alô, amigos” tem uma cena que está no panteão dos clássicos do cinema politicamente incorreto, mostrando todo o anti-heroísmo do Zé Carioca, um personagem infantil que fuma charuto: o papagaio leva o muy amigo ao café e oferece ao Pato Donald um copo de cachaça.Rapaz, só faltou o Pato cuspir marimbondos.
O Brasil, como diria Tom Jobim, não é para amadores.